domingo, julho 02, 2006

Brasil 0 x França 1

Ontem me preparei para assistir um belo jogo de copa do mundo, de um lado tinhamos a seleção brasileira de um histórico invejável em copas e que tem jogadores como Ronaldo, Kaká, Adriano, Robinho, Juninho Pernambucano e Ronaldinho Gaúcho do outro lado tinhamos Thierry Henry, David Trezeguet e o fantástico quarteto veterano Lilian Thuram, Claude Makelele, Patrick Vieira e o mago Zinedine Zidane, isso porque estou me resguardando de colocar alguns nomes que dizem ser coadjuvantes mas que jogam um futebol de primeiro escalão.

O cenário estava feito e havia um contentamento seguido de preocupação, o Parreira mudou a escalação, colocou Juninho Pernambucano no lugar de Adriano e adiantou o Ronaldinho Gaúcho para jogar com o Ronaldo, uma escalação defendida por muitos mas nunca treinada pelo estudioso do futebol e gestor de talentos (palavras dele) Carlos Alberto Parreira.

Após 15 minutos do jogo ter começado acredito que eu e todo o mundo percebeu que a seleção brasileira não estava bem, alguns jogadores importantes não conseguiam parar em pé, pareciam que estavam com as pernas bambas, travados, literalmente amarelados diante dos franceses que pareciam muito bem fisicamente, psicologicamente e claro, técnicamente.

1ª Parte - Zinedine Zidane

Zidane mostrava em campo livre, leve e solto um futebol mágico, malandro, encantador...ele olhava para um lado e tocava para o outro, girava por cima da bola, pedalava, ajudava na marcação, comandava seus companheiros, lançava a longa distância, metia bola em curta distância, dava lençois de todas as formas e dominava a bola e o meio de campo como nenhum outro jogador nesta copa fez e acredito que não irá fazer.

O espantoso é que o Zidane estava com o nosso repertório e o pior, ele estava fazendo todo o repertório de vários jogadores nosso, será que ele roubou de nós? Sim, roubou a cena, ele fez nesse jogo todos os lances que existem em vídeos pela internet, ou seja, não importa a camisa que ele esteja vestindo ele sempre será Zinedine Zidane, aquele que nunca se esconde do jogo, aquele que no final da sua carreira com 34 anos ainda está com muita vontade, vontade e amor pela sua seleção, isto sim é jogar bonito e vencer não é Parreira?

2ª Parte - Seleção Brasileira

Pelas substituições feitas e pela liberdade dada ao Ronaldinho Gaúcho imaginei que nosso melhor do mundo fosse chamar a responsabilidade pra si e resolver mas para nossa tristeza ele não fez, imagino que havia um problema muito sério dentro da seleção que fez o Ronaldinho ficar apagado nesta copa, inveja de alguns companheiro que infelizmente percebi em algumas entrevistas antes da copa, jogadores que não queriam jogar em um esquema que favorecia somente um craque, mas indiscutivelmente o fora de série era o Ronaldinho e a seleção brasileira devia sim preservá-lo com um esquema que lhe favorecesse, para que ele jogasse com a mesma alegria que joga no Barcelona, igual fizemos anteriormente para Romário e Ronaldo.

No jogo Kaká não estava bem, não ganhava nenhuma bola e não fazia um passe certo, devia ter sido substituido no primeiro tempo pelo Robinho, nas laterais dava pena ver o Cafú sofrendo com Zidane e Malouda, o tempo dele já foi e ele mesmo como capitão devia ter pedido para sair para ajudar sua equipe, como fez o capitão Beckham pela sua Inglaterra, na lateral esquerda o sempre arrogante Roberto Carlos não jogou nada e ainda deve ter combinado com Thierry que ele iria facilitar as coisas para que o francês fizesse o gol, "Henry vou ficar aqui ajustando minhas meias, pode entrar e fazer."

Foi de emocionar ver como jogou muito nossa zaga, sempre firme e leal acreditando que todo o time estava jogando com o mesmo amor e empenho, mas infelizmente grande Lúcio e onipresente Juan, eram só vocês, parabéns pelo que fizeram e estejam na próxima por favor.
Dida, Ze Roberto, Gilberto Silva e Adriano estes são merecedores de vestir a camisa da seleção, Ronaldinho Gaúcho e Kaká precisam ganhar mais personalidade mas com certeza merecem estar na seleção, sobre personalidade, isto sobra em Cicinho e Robinho.

E o nosso estudioso de futebol e gestor de talentos Carlos Alberto Parreira não percebeu como a França joga? Ele não viu junto com todos os jogadores o jogo da França contra a Espanha? Acredito que não e acredito também que nem TV tinha naquele castelo tamanho era o desligamento dos jogadores e do nosso técnico com o mundo real.

A França jogou contra o Brasil da mesma forma que jogou contra a Espanha, será que o Parreira entende mesmo de futebol? Sinceramente acho que não, principalmente depois das entrevistas que ele deu após o jogo, dizendo que Zidane foi anulado (???), que a França jogou atrás (????), não sei onde ele viu isso, não sei mesmo. O nosso grande Ronaldo falou que não houve falta de empenho, Ronaldo, você já foi melhor em declarações, nesta você foi infeliz.

3ª Parte - Esquema Tático

Para quem gosta de esquema tático estava bem claro que o meio campo do Brasil seria engolido pelo da França, o Brasil ontem jogou num 4-3-3 e a França 4-5-1, o esquema da França parece defensivo mas não é, eles aproveitaram bem as qualidades dos jogadores que tem e valorizaram o craque deles.

Para segurar os laterais Cafu e Roberto Carlos eles colocaram Malouda e Ribery que correm como uns loucos e jogam muita bola e tem um ótimo senso de marcação, desta forma quando a França estava com a bola Zidane encarava sozinho Gilberto Silva ou Zé Roberto e as vezes os dois juntos e quase sempre conseguia passar por eles.

A defesa francesa é formada por uma muralha muito bem construída e comandada por Lilian Thuram, este sabe tudo daquele setor e anularam com maestria toda nossa investida de ataque, e o grande segredo do equilibrio entre defesa e meio campo vem dos veteraníssimos Patrick Vieira e Claude Makelele, Makelele é o volante mais fixo e Vieira é quem comanda as arrancadas e aparece como homem surpresa no ataque fazendo tabelinhas com Zizou, além disso os dois volantes são altamente técnicos.

Thierry Henry só tem que se preocupar em fazer gols e mais nada, mas mesmo assim ajuda seus companheiros da defesa, isto sim é jogar em equipe.

4ª Parte - A Lição

Os franceses mostraram que quando há solidariedade e humildade entre os jogadores é possível que todos joguem bonito e ainda consigam a vitória.

Que esta derrota sirva de lição para os jogadores que ainda podem voltar à seleção e encerre a carreira daqueles que não tem mais amor pela nossa camisa.